terça-feira, 9 de outubro de 2007

Sibyl Vane

De uma garrafa
Nasce um poeta
Enrolado em si mesmo
Olhos em fuga
Bebe o passado
Em amargos goles de sonho
Reminiscências...
Todos por perto-
Juntos na solidão.
Tudo é ilusão.
E a ilusão é um dia de sol.

Mas a noite se debruça
Em seus ombros,
E de repente alguém chega
Molhada da chuva
Cheirando a madrugada.

A solidão lhe povoa
E não vê mais nada, apenas sente.
Mas a vida é água:
Um lago para ser atravessado.
Ele só quer descarregar a angústia.
Uma caneta e um papel para fugir,
Para sorrir, para chorar,
Em tábuas brancas
Ele cospe pensamentos
Como sangue: símbolo da vida e da morte;
Pensamentos bombeados pelo coração.

Um poeta
Vive e morre todos os dias.
No mar o sol abre o portão.
Nasce o dia morrendo lentamente-
Pois a vida é um eterno morrer.
Mas o dia é um sorriso de menino
Que dura para sempre
A noite não chega
Quando se tem quatorze anos.
E assim o sol pavimenta o mar
Apontando o caminho,
Então ele levanta as velas
Acende seu cachimbo
E navega suas sensações
Rumo ao desconhecido.
Mas a água vai apagando seu rastro,
E ninguém mais é capaz
De dizer que ele esteve ali.

Das esperanças que ele matou
E daquelas que suicidaram
Só sobraram as lágrimas
E o medo.
Que também se confundiu
Com o imenso mar
E desapareceu
Mas ainda existe o papel.

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